A educação infantil é uma etapa crucial não só para as crianças, mas também para os professores, que precisam analisar as necessidades de cada aluno e da classe para definir o melhor plano de ensino. Existem diversos métodos para isso, uns seguem abordagens analíticas e mais construtivistas; outros são mais sintéticos, como é o caso a alfabetização fonética.
Não existe, todavia, uma metodologia melhor que outra. É preciso avaliar a oportunidade que cada enfoque trará para as etapas do desenvolvimento infantil. Motivo pelo qual discutir a relevância da abordagem fônica nesse momento se torna tão relevante, uma vez que ela se encontra na Política Nacional de Alfabetização (PNA) desde 2019.
Neste artigo, explicaremos o que é o método fônico de alfabetização, como ele funciona, sua relevância e quando pode ser aplicado na educação infantil. Também, apresentaremos algumas dicas para inserir a abordagem nas atividades e ações educacionais em sala de aula.
O que é método fônico de alfabetização?
Após resultados positivos em países como França, Reino Unido e Estados Unidos na década de 1980, o enfoque fônico surgiu no Brasil como alternativa ao método da soletração (ou alfabético).
Tal método ensina a criança a reconhecer e identificar as menores partículas das sílabas, ou seja, os sons dos grafemas do alfabeto (fonemas). Baseado muito mais no que as crianças escutam, essa abordagem visa mostrar para o estudante como as letras estão ligadas aos sons, seus padrões de ortografia e aplicações na leitura e escrita.
Existem diversas formas de inclusão do método fonético. Na prática, a abordagem funciona da seguinte forma: ensina-se à criança cada letra como um som que, quando associado a outras letras, forma sílabas e palavras.
O método fônico pode ser aplicado em sala de aula de forma sistemática durante certo período ou ser incidental, isto é, apenas quando houver necessidade de complementar a aprendizagem de determinados elementos ortográficos.
Desde sua inclusão na PNA em 2019, a metodologia passou a ser discutida por diversos especialistas, sobretudo em razão das evidências científicas baseadas em estudos da neurociência. Porém, sozinho, ele não é suficiente para fornecer um desenvolvimento pleno e integral durante a primeira fase da educação infantil.
A PNA propõe a ênfase no método a partir de seis componentes, são eles: instrução fônica sistemática, consciência fonêmica, desenvolvimento de vocabulário, fluência em leitura oral, compreensão de textos e produção de escrita.
Por que o método fônico de alfabetização é importante?
Recomenda-se a inclusão da metodologia fônica em crianças pequenas durante os primeiros anos do ensino fundamental. Todavia, tanto a abordagem fonética quanto a alfabética desempenham seus respectivos papéis no desenvolvimento educacional infantil (de forma complementar ou não).
Quando aplicado de maneira sistemática dentro de um plano pedagógico, o método precisa seguir um ciclo bem definido, respeitando o ritmo de aprendizagem de cada estudante.
A seguir, vamos apresentar um passo a passo sobre como essa abordagem pode ser aplicada durante a fase de alfabetização, bem como algumas dicas de atividades.
1 . Inicie com o som das letras
Nesse primeiro momento, o professor pode apresentar o som de cada letra do alfabeto em um dia diferente, começando pelas vogais de fácil assimilação e, depois, as consoantes. Pode-se definir uma palavra para cada dia e apresentá-la em diversos contextos falados e escritos, assim como também vinculá-la a uma determinada imagem que a represente.
Muitos recursos podem auxiliar a aprendizagem fonética nessa fase, como o uso de cartas, jogos, vídeos e, até mesmo, a contação de histórias e músicas.
2 . Faça a combinação de sons
Uma vez que o estudante consiga identificar e associar a letra do alfabeto ao seu respectivo som, é recomendado que o professor comece a ajudar o aluno a combinar as letras para a criação de sílabas.
O professor pode criar atividades em sala, propondo, por exemplo, a troca de letras e sílabas na formação de vocábulos por meio de jogos no quadro ou utilizando cartões. Dessa forma, a criança pode aprender brincando de forma lúdica e divertida.
Aliás, em alguns dos pontos da BNCC (Base Nacional Curricular Comum) está previsto que no segundo ano do ensino fundamental o estudante já tenha desenvolvido a habilidade de “ler e escrever corretamente palavras com sílabas CV, V, CVC, CCV, identificando que existem vogais em todas as sílabas”.
3 . Ensine a montagem de frases
Agora que o estudante já sabe identificar os respectivos sons de cada letra do alfabeto e formar sílabas a partir das junções dos diferentes fonemas, é a hora de formar frases. Nessa etapa, o professor pode, por exemplo, escolher uma palavra específica e pedir que os alunos elaborem diferentes frases com ela.
A partir desse momento, os estudantes já estão prontos para iniciar a produção de textos pequenos e podem ser apresentados a gêneros literários. É uma ótima oportunidade para incentivar a criatividade dos jovens por meio da leitura e produção de histórias, músicas, rimas e poemas.
O que avaliar durante o processo?
Cabe ressaltar que não há um jeito de ensinar melhor que outro. Existem métodos, abordagens e metodologias ativas que só têm a agregar ao desenvolvimento do aluno e não devem ser aplicados de forma excludente às demais.
Além disso, somente a abordagem fonética não é suficiente para sanar todas as necessidades do estudante durante esse período. É preciso que a escola avalie o contexto de aprendizagem e a realidade social de seus alunos para definir quando e onde aplicar o ensino dos fonemas e outros métodos no plano de aula.
Quanto ao período de adaptação, durante a aplicação do método fônico de alfabetização é importante analisar o tempo de aprendizagem de cada aluno e respeitá-lo. Cada estudante aprende de um jeito e em um ritmo diferente. Em caso de haver alguma necessidade por parte da criança, é importante avaliar, incentivar e tentar entender a origem do desafio.
Neste artigo, explicamos o que é, como funciona e a relevância do método fônico de alfabetização para a educação infantil. Ainda, apontamos quando pode ser aplicado em práticas e atividades em sala de aula.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre esse método, que tal ampliar seus conhecimentos e descobrir novas oportunidades para ajudar seus alunos a se desenvolverem integralmente?
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