A comunicação familiar é fundamental para promover a educação e o compartilhamento de opiniões e pensamentos, assim como para a negociação, resolução de problemas e fortalecimento da confiança.
Ela acontece de maneira verbal ou não verbal, e as reações das pessoas durante uma conversa também demonstram se elas estão receptivas, concordando ou discordando do que está sendo falado.
Pensando na contribuição que os diálogos familiares podem ter para o desenvolvimento das crianças e adolescentes, transmitindo conhecimentos, orientações e criando um ambiente saudável no lar, preparamos algumas dicas para incentivar a comunicação em casa. Confira!
Estimule a comunicação familiar direcionando a atenção para quem fala
Uma forma de incentivar o diálogo familiar é demonstrar que a opinião ou fala do outro está sendo ouvida. Para isso, é essencial que a atenção seja direcionada para quem tomou a iniciativa de comunicar algo.
Essa parece uma dica óbvia, mas com o excesso de informações e telas na atualidade, não é incomum que as pessoas se distraiam com os dispositivos eletrônicos enquanto conversam, tirando a importância e a absorção do que está sendo falado.
Além disso, vale lembrar que existem as comunicações verbais e não verbais. Nesse sentido, a fala de uma criança ou adolescente pode estar desalinhada de suas ações e, essas, por sua vez, podem trazer informações valiosas para seus responsáveis, como estar vivendo situações de bullying na escola.
Evite oferecer muitos aconselhamentos
Ter empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro e ver a situação por meio do ponto de vista dele. Isso, muitas vezes, gera mais efeitos do que oferecer aconselhamentos e falas sobre como agir em relação a um problema.
Os responsáveis devem orientar e educar seus filhos sempre que necessário, estando atentos aos sinais de alerta e se fazendo emocionalmente presentes. Porém, conselhos em excesso podem impedir que os filhos desenvolvam suas próprias reflexões, fiquem confusos sobre as emoções que estão vivendo e até prefiram o distanciamento para evitar longas conversas unilaterais, nas quais apenas escutam o que deveriam fazer.
Fuja do excesso de interpretação
Cada pessoa tem uma vivência, características e formas de se comunicar distintas. Enquanto algumas são diretas e objetivas, outras preferem se expressar de forma mais subjetiva. E é importante que os responsáveis levem em conta essas particularidades para não analisar as falas dos filhos de forma tendenciosa ou generalizada.
“Não gostei desse almoço hoje”, por exemplo, é uma afirmação bem direta. Mas, para alguns responsáveis, pode ser interpretada como uma crítica negativa às suas habilidades culinárias, uma forma de enfrentamento.
É importante acompanhar os filhos e observar suas falas e atitudes, até mesmo para saber qual suporte oferecer. Todavia, o excesso de interpretação pode gerar reações desnecessárias e precipitadas. O melhor é sempre observar outros sinais e, se for o caso, fazer perguntas diretas para saber, de fato, do que se trata.
Pratique a comunicação não violenta e a escuta ativa
A comunicação não violenta tem como princípio o desenvolvimento da linguagem e escuta ativa e empática, que permite a conexão entre as pessoas que se relacionam em diferentes esferas.
É possível extrair a violência da forma como cada um se expressa e ouve o outro quando as necessidades de imposição ou vitória nos argumentos deixam de ser a prioridade. Ou seja, a comunicação deixa de ser automatizada e passa a ser percebida como um instrumento de aproximação.
Para isso, conhecer os componentes da Comunicação Não Violenta (CNV), conceito estabelecido pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg, pode ajudar a colocá-la em prática.
Observação
Observar, sem julgamentos, a fala e as ações do outro pode ajudar a entender o que realmente está acontecendo com ele. Adolescentes e crianças podem ter sua confiança e autoestima abaladas com o uso das redes sociais sem um filtro constante dos responsáveis.
Isso pode desencadear uma série de atitudes e sentimentos, como tornar-se mais tímido e retraído na sala de aula, por exemplo. Fazendo uma observação empática é possível entender todo o contexto e, por meio da comunicação familiar, buscar o esclarecimento.
Sentimento
Dar nome aos sentimentos não é tão simples quanto parece, nem mesmo para os adultos. Mas, é um elemento importante da CNV para todos os envolvidos, nesse caso, a família.
Assim, até mesmo os familiares devem demonstrar seus sentimentos e serem vulneráveis, se necessário. Isso serve de exemplo para os menores e, também, contribui para seu emocional.
Os laços familiares vão se fortalecer com honestidade e respeito à medida que a inteligência emocional de seus indivíduos evoluir.
Necessidade
Depois que um sentimento é nomeado, uma solução pode ser encontrada a partir da comunicação em família.
Isso porque por trás do que sentimos e fazemos, existe uma necessidade humana universal. Por trás de estar irritado, pode existir a necessidade de ser acolhido, de afeto, de ser ouvido e ter a compreensão disso torna mais fácil encontrar alternativas para solucionar os conflitos em família.
Pedido
O pedido fecha o ciclo da comunicação não violenta, pois representa o combinado entre as partes, ou seja, o que cada um pode fazer para a resolução do problema, estabelecendo um compromisso. Um ponto importante é que esse acerto deve ser específico, em vez de amplo ou abstrato, para que as pessoas envolvidas possam realizá-lo sem dúvidas e, a partir da mudança, terem a percepção de sucesso.
Deixe a vida em família mais leve e divertida
Organize uma agenda ou rotina familiar que seja divertida, fazendo com que estar em família seja um momento agradável e fortalecedor. Crianças e adolescentes vão buscar apoio onde eles se sentem bem, ou seja, isso também é uma forma de incentivar a comunicação familiar.
O cotidiano traz uma série de desafios, seja no ambiente escolar, seja no trabalho. E, para crianças e adolescentes com pouca experiência de vida, é essencial ter uma fonte de apoio para conversas e orientações.
Não adie conversas difíceis
Por fim, não adie conversas difíceis. Assuntos delicados para os adolescentes, notas ruins na escola ou comportamentos desrespeitosos precisam ser tratados tão logo surjam nas relações. Isso garante que o problema não fique maior do que já é.
Mágoas, quando guardadas, podem tomar proporções prejudiciais inclusive à saúde física. Atitudes erradas, quando não corrigidas, podem ser repetidas e intensificadas. Ou seja, o melhor é resolvê-las o quanto antes.
Trabalhar a comunicação familiar desde os primeiros anos fortalece a conexão de todos, bem como promove um ambiente saudável para que as crianças exercitem seus pensamentos e falas. Isso é valioso, inclusive para os dilemas que os adolescentes e seus responsáveis vivem nessa fase da vida.
Quer mais dicas sobre isso? Então, confira este material que preparamos sobre como lidar com adolescentes.
