É comum que os termos educação integral e educação em tempo integral sejam tomados como sinônimos, no entanto, as propostas são bem diferentes. A primeira busca desenvolver os estudantes de modo integral (em suas múltiplas dimensões: cognitiva, física, socioemocional e cultural), enquanto a segunda sugere a ampliação do tempo de permanência na instituição de ensino.
Ambas apresentam vantagens e desvantagens, por isso, a opção por uma ou por outra dependerá das intenções e expectativas da família no que diz respeito à formação escolar da criança ou do adolescente. Quer entender mais sobre essas diferenças?
A seguir, falamos sobre cada uma das propostas educacionais, apresentando seus benefícios, bem como seus desafios. Não deixe de conferir!
Importância da educação em tempo integral
A educação em tempo integral, como o próprio nome sugere, exige que os alunos passem uma grande parte do seu dia na escola. Isso contribui diretamente para que os alunos desenvolvam mais autonomia e aprendam diferentes aspectos quanto à convivência com seus colegas.
Esse tipo de situação permite que eles desenvolvam, desde cedo, algumas habilidades que são extremamente importantes no futuro, chamadas soft skills. Tais aptidões se referem à forma como as crianças interagem com as demais, envolvendo habilidades de empatia, colaboração, tolerância, resolução de conflitos e demais experiências favorecidas pelo longo tempo de convivência com os colegas.
Certamente, os aspectos educativos também são fortalecidos, visto que o estudante passa mais tempo debatendo com os colegas sobre os assuntos da aula, as atividades propostas e tudo que foi apresentado pelos professores. Logo, tal formação contribui para o pleno desenvolvimento dos estudantes, deixando-os mais preparados para os desafios que surgem durante a fase adulta de suas vidas.
Educação em tempo integral
Nesse modelo, a ideia é ampliar o tempo de permanência dos alunos no interior da escola. Desse modo, eles devem cumprir uma jornada diária de, pelo menos, 7 horas — a depender das características da instituição e da faixa etária das crianças. A grade curricular também costuma variar, uma vez que é feita de acordo com o projeto político-pedagógico do colégio em questão.
Vale frisar que a proposta, em sua origem, também se diferencia do chamado contraturno escolar. Esse é tido como uma espécie de acréscimo ao aprendizado dos estudantes em período oposto ao que estão matriculados. Assim, são oferecidas opções extracurriculares (cursos, workshops, oficinas, palestras e outras atividades) para quem deseja um complemento em sua formação.
Por outro lado, o ensino em tempo integral não propõe apenas a possibilidade de cumprir disciplinas eletivas, mas o oferecimento de atividades sintonizadas com a proposta pedagógica da escola, contando com acompanhamento adequado.
Uma vez que os alunos ficarão mais tempo na instituição, ela deve oferecer ambientes que atendam às suas necessidades. Em outras palavras, a infraestrutura da instituição representa um fator de grande relevância. Agora, vamos conferir, com mais calma, os prós e contras desse modelo de ensino.
Vantagens da educação em tempo integral
Existem algumas vantagens que a educação em tempo integral pode oferecer aos estudantes. Ao entendê-las, você consegue julgar o que é mais adequado para aplicar em sua escola. Abaixo, listamos algumas informações relevantes.
Aprendizado constante
Essa é a maior vantagem da educação em tempo integral. O aprendizado acontece de maneira constante e diversa. Como os estudantes passam boa parte do seu dia na escola, é oferecida a eles uma diversidade grande de atividades e projetos (em diferentes linguagens e formatos, incluindo artes, esportes e até culinária).
Assim, eles podem aprender várias habilidades que serão importantes ao longo de todo o processo de formação e, também, para o futuro, no mercado de trabalho. Desse modo, saem da jornada de ensino muito mais preparados.
Melhora no desempenho
O desempenho escolar também é muito favorecido, visto que contam com acompanhamento e auxílio dos professores em suas tarefas escolares, trabalhos em grupo e estudos em geral.
Com o maior tempo que passam no ambiente escolar, os estudantes conseguem superar as lacunas de aprendizado e, dessa maneira, avançar no desenvolvimento das habilidades e na aquisição dos diversos conhecimentos apresentados nas salas de aula.
Melhora do convívio em sociedade
Saber conviver com o próximo é essencial para ter sucesso na vida. Nesse sentido, a educação em tempo integral é uma aliada importante. Isso porque o convívio ocorre de modo mais intenso com a comunidade escolar.
Esse novo conceito também colabora na socialização, no aprendizado sobre o respeito à diferença e na conquista da autonomia. Além disso, pode ser importante para que os alunos aprendam a trabalhar em equipe.
Desvantagens da educação em tempo integral
Como desvantagens, podemos destacar o fato de que nem sempre as escolas estão preparadas estruturalmente para adotar esse modelo de ensino. Afinal, como foi dito, ele exige instalações adequadas para práticas que a sala de aula não contempla, por exemplo, esportivas, artísticas e culturais.
Somado a isso, o longo tempo de estudo longe da família pode ser prejudicial para o desenvolvimento das crianças, principalmente no que diz respeito ao âmbito emocional.
Há uma mudança no papel dos pais no processo de aprendizagem dos filhos, já que eles podem não ser mais tão requisitados para o acompanhamento e a assistência nas atividades escolares como antes.
Cabe também enfatizar que a extensão do período na escola não significa, necessariamente, melhoria na qualidade de educação oferecida.
O que a BNCC diz sobre a educação em tempo integral
Antes do estabelecimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a indefinição e, consequentemente, a associação entre esses modelos era ainda mais frequente, porque os próprios documentos curriculares de algumas escolas estabeleciam os termos como sinônimos.
A BNCC esclareceu alguns equívocos quando instituiu a educação integral como propósito. Ao fazer isso, propôs que a educação deve ter o compromisso de realizar os princípios da diversidade, equidade e inclusão por meio do desenvolvimento pleno, da integração curricular e do acolhimento da singularidade dos alunos.
Educação integral
A educação integral aspira promover o desenvolvimento global dos alunos, ou seja, ela trabalha as múltiplas dimensões (física, cognitiva, emocional, cultural e social) do indivíduo de modo integrado. Portanto, não se propõe a disponibilizar um ensino focado puramente no conteúdo e no aspecto intelectual da aprendizagem.
Esse modelo de ensino visa ao fortalecimento das relações humanas de forma mais ampla, considerando a importância do bem-estar, do afeto e dos valores dos sujeitos. Para tanto, exige uma participação ativa da família no processo formativo dos estudantes.
Suas principais características são: contemporânea, igualitária, inclusiva e sustentável. Sendo assim, ela está alinhada com as demandas do século XXI e, consequentemente, com as orientações da BNCC.
O papel da escola, em parceria com a família, está em possibilitar atividades que auxiliem o aluno a reconhecer suas fragilidades e potencialidades, assim como obter as ferramentas necessárias para minimizar as primeiras e desenvolver as segundas.
O intuito, portanto, é o de proporcionar autoconhecimento e autonomia para que os alunos consigam efetuar boas escolhas e, sobretudo, que se tornem adultos felizes, saudáveis e bem-sucedidos nos âmbitos pessoal, profissional e relacional.
Veja os prós e contras do ensino integral!
Vantagens do ensino integral
Assim como a educação em tempo integral, o ensino integral apresenta vários benefícios. Para decidir qual é o mais apropriado para a sua escola, nada melhor do que entendê-los mais a fundo, não é mesmo? Abaixo, explicamos em detalhes.
Aprendizado amplo
A vantagem mais evidente é o amplo aprendizado que esse tipo de educação proporciona. Não se trata apenas de reprodução dos conteúdos das disciplinas, mas de formação humana, articulada aos saberes dos alunos.
A integração entre os conteúdos curriculares também é um ponto forte, pois o ensino fragmentado dificilmente se traduz em conhecimento. Assim, os alunos conseguem evoluir muito no aprendizado.
Metodologia centrada no aluno
Outro princípio interessante é a centralidade do aluno. O ensino integral reivindica que o projeto pedagógico seja construído a partir das necessidades de cada estudante. Isso significa uma educação mais personalizada e com participação dos próprios alunos em seu processo de ensino-aprendizagem. As singularidades e o coletivo são contemplados, igualmente, nessa proposta educacional.
Perspectiva inclusiva
O ensino integral adota uma perspectiva inclusiva com foco no respeito e na valorização das diferenças. A gestão democrática também é uma marca positiva do modelo, pressupondo que decisões e orientação nas atividades devem ser feitas coletivamente.
Ou seja, há a participação de todos os envolvidos no processo de aprendizagem na hora de tomar as decisões. Isso inclui pais, responsáveis, alunos, professores, gestores e toda a comunidade escolar.
Desvantagens do ensino integral
As desvantagens da educação integral estão relacionadas ao fato de que as propostas pedagógicas podem se tornar demasiadamente personalizadas, deixando o papel dos professores, de transmissores de saberes e conteúdos formadores, para segundo plano.
Ainda que não seja o seu foco, a ampliação do tempo no ambiente escolar e a exigência de infraestrutura adequada podem ser consequências, uma vez que se torna necessário diversificar e aumentar as vivências educativas dos alunos.
Deve-se também considerar que os pais nem sempre desfrutam de tempo e de disposição para a intensa participação que esse tipo de ensino exige.
A partir do que foi visto, as famílias podem decidir com mais tranquilidade e segurança aquilo que consideram mais adequado em termos de formação escolar.
Diferenças entre educação integral e educação em tempo integral
Apesar de serem termos semelhantes, existem diferenças entre a educação integral e a educação em tempo integral. Enquanto, no primeiro caso, o enfoque se refere aos tópicos abordados para oferecer uma formação completa, o segundo termo se refere a ampliação do tempo de estudo, sem determinar quais dimensões de desenvolvimento da criança estão em foco.
Logo, essas abordagens se diferem quanto ao seu objetivo, metodologia, estrutura, organização e forma de implementação. Vale destacar que, apesar de distintos, tanto a educação integral quanto a educação em tempo integral são importantes e contribuem de maneira decisiva para criar uma formação completa aos alunos.
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