Educação financeira infantil é um assunto que parece tabu ainda hoje. Se olharmos para a geração atual de adultos e as dos seus pais e avós, é bem possível que nem em casa, nem na escola houvesse muito espaço para tratar dessa questão.
Como resultado da inabilidade em lidar com o dinheiro, não à toa, o número de famílias endividadas no país chegou a 77,9% em 2022, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Claro que há vários fatores embutidos aí, por exemplo, o desemprego e a instabilidade econômica. Mesmo assim, o cartão de crédito figura como a principal modalidade de dívida, sugerindo gastos excessivos.
Esse exemplo ilustra a necessidade de falarmos sobre educação financeira infantil. Veja, neste post, como tratar do assunto de maneira leve e lúdica, aproximando o dinheiro da realidade dos pequenos!
O que é educação financeira infantil?
A educação financeira infantil trata de ensinar a criança a estabelecer uma relação saudável com o dinheiro, uma vez que este faz parte das nossas vidas, assim como a alimentação, os esportes ou as atividades escolares.
Por meio da educação financeira, desde a primeira infância, os futuros jovens e adultos aprenderão a importância de administrar seu dinheiro, evitar compras compulsivas e estabelecer prioridades para conquistarem aquilo que desejam.
Com esse entendimento, quando vão crescendo, os filhos podem ser incluídos no planejamento do orçamento familiar e até colaborar com metas financeiras regulares. Isso permite que a família seja mais coerente com seus gastos e necessidades reais, chegando a melhor equilíbrio financeiro.
Qual é a importância de educar financeiramente a criança?
Educar financeiramente a criança é um trabalho que precisa acontecer em parceria entre a família e a escola. De um lado, os pais e responsáveis devem criar o hábito de conversar sobre dinheiro com os filhos e envolvê-los paulatinamente nas decisões e atividades financeiras domésticas. De outro, essa questão deve fazer parte do programa pedagógico da instituição de ensino.
O tema tem tanta relevância que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda em seus Princípios e Boas Práticas para Educação e Conscientização Financeira que a educação financeira comece o mais cedo possível e seja ensinada formalmente.
Por ser um processo de longo prazo, segundo a organização, incluir a educação financeira no currículo escolar é uma “ferramenta política justa e eficiente”. Construí-la desde cedo permite que a criança adquira conhecimento e habilidade para desenvolver um comportamento financeiro responsável em cada uma de suas fases educacionais.
A OCDE ressalta, ainda, que a escola tem um papel crucial nessa questão, justamente porque, dado o baixo nível de educação financeira no mundo, muitos pais podem estar mal preparados para ensinar seus filhos sobre como lidar com dinheiro.
Como ensinar educação financeira para os filhos?
Mesmo que você não seja especialista em educação financeira, com algumas ações simples é possível começar esse trabalho em casa. Então veja algumas dicas abaixo, conforme a faixa etária dos filhos.
3 a 6 anos
Essa é a fase em que se inicia a educação financeira infantil, quando as crianças começam a perceber o valor das coisas e as necessidades de trocas. Por isso, é interessante oferecer aos pequenos estímulos visuais. Veja os exemplos.
Crie cofrinhos transparentes
Um frasco transparente pode ser a primeira conta bancária para a criança administrar. Em vez de dar uma mesada, ofereça moedas e notas para que ela mesma encha seu cofrinho. Quando terminar, abram juntos o frasco e contem o dinheiro para ver quanto foi guardado, mencionando o que pode ser comprado com aquele montante.
Monte um mercado de mentirinha
Outro estímulo importante é a criança saber o valor de cada coisa. Quanto custa um pirulito ou um brinquedo? Por que é mais fácil comprar um e não outro? Essa noção pode ser trabalhada com ela administrando seu próprio negócio, por exemplo, um mercado de mentirinha. Entre outras coisas, ajude a criança a precificar cada produto, ensine a diferença entre despesas e receitas e incentive-a a negociar.
7 a 13 anos
Agora já existe maior entendimento das relações com o dinheiro. Oferecer uma mesada pode ser uma boa nessa faixa etária, mas você deve ensinar como administrar as quantias recebidas com responsabilidade. Para facilitar esse trabalho, aqui vão duas sugestões.
Crie conversas sobre planejamento financeiro e sistemas de recompensas
Assim que receber sua mesada, sente-se com a criança para traçar um planejamento de como ela usará esse dinheiro. Ensine-a a separar, primeiramente, uma parte do dinheiro como reserva financeira. Depois, outra parte para comprar algo que seja do seu desejo. O restante é para seu uso pessoal.
Além disso, para incentivá-la a atingir metas, você pode criar um sistema de recompensas por ações favoráveis. Por exemplo, sair para passear com o cachorro tantas vezes na semana, ajudar a limpar a casa, estar em dia com as lições de casa etc.
Use jogos de tabuleiro
Os jogos de tabuleiro podem ser uma boa pedida para trabalhar a relação com o dinheiro brincando. Por exemplo, jogos famosos como Banco Imobiliário e Jogo da Vida proporcionam ótimas experiências de educação financeira, sem deixar o assunto pesado.
A partir de 14 anos, a primeira conta bancária de verdade
Nessa fase, o adolescente pode começar a reconhecer a importância de conquistar sua liberdade financeira. Então, abra uma conta bancária para ele e ensine como realizar as movimentações com responsabilidade. Além disso, é o momento em que é possível ter um cartão de crédito, desde que tenha maturidade para não romper o limite estabelecido no mês.
Bancos costumam ter contas bancárias exclusivas para crianças e jovens, com as seguintes características:
- liquidez total, ou seja, a possibilidade de fazer saques ou depósitos livremente;
- sem taxas ou comissões;
- os proprietários da conta podem variar de recém-nascidos até 25 anos.
Um dos pontos mais importantes da educação financeira infantil é fazer a criança se sentir importante e responsável pelo dinheiro que administra. Para além de algo estratégico, é um ponto fundamental em sua formação integral, uma vez que aborda planejamento de vida, limites, noções de ética, hábitos saudáveis, entre muitas outras questões essenciais para o surgimento de um adulto autônomo e consciente de seus atos.
Por falar nisso, descobrir qual é a profissão mais alinhada com seu propósito de vida é algo também a ser incentivado, especialmente na adolescência. Então, fique conosco mais um pouco e veja este outro artigo sobre como ajudar os adolescentes a descobrirem sua vocação profissional.