Lidar com conflitos faz parte do desenvolvimento socioemocional de toda criança e todo adolescente. Conflitos, aliás, são algo inerente a qualquer local onde estiverem pessoas reunidas. A grande questão é como lidar com eles e transformá-los em algo positivo.
Os conflitos em sala de aula fazem parte do dia a dia do professor e podem acontecer em qualquer turma, mexendo significativamente com a harmonia do grupo.
Sabemos que uma sala de aula é um ambiente complexo, envolto em uma série de forças e desafios com os quais o professor precisa estar preparado para lidar. Estamos falando de situações administrativas que interferem no cronograma das aulas, dificuldades de comunicação, questões de aprendizado, indisciplina, relacionamento interpessoal, bullying, problemas pessoais dos alunos, entre muitas outras questões. Logo, o professor precisa desenvolver habilidades de mediação, a fim de resolver esses problemas.
Pensando nisso, criamos este post para capacitar os professores a reconhecer os conflitos em sala de aula e adquirir ferramentas para lidar com eles. Então, fique conosco e aproveite a leitura!
Quais são os principais conflitos em sala de aula?
A escola é um microssistema da sociedade que combina diferentes formas de viver, pensar, sentir e se relacionar, portanto, constitui um espaço propício aos conflitos interpessoais.
Um conflito na sala de aula pode ser lido como o desacordo entre indivíduos ou grupos em relação a ideias, interesses, princípios e valores dentro da comunidade escolar, sendo que os conflitos mais frequentes ocorrem nas relações entre aluno-aluno e entre aluno-professor.
Quando falamos de conflitos entre alunos e professores, eles, em geral, acontecem por falta de compreensão da explicação do professor, por notas arbitrárias e divergência nos critérios de avaliação, falta de material didático, indisciplina, desinteresse pela matéria ou porque há algum obstáculo no relacionamento entre ambas as partes.
Por sua vez, os conflitos entre os alunos podem surgir em razão de desentendimentos, brigas, rivalidade entre grupos, bullying, perdas ou danos a bens escolares, eleições internas, viagens e eventos.
Como dá para perceber, nem todo conflito tem uma origem destrutiva, mas, sim, resulta de incompatibilidades do processo pedagógico naquele grupo ou com um aluno, especificamente. Então, podemos distinguir os conflitos em sala de aula em dois grandes grupos, tal qual observam os manuais de gestão de pessoas: os funcionais e os disfuncionais.
Conflitos funcionais
Os conflitos funcionais na escola são aqueles que apoiam o trabalho que está sendo realizado, pois decorrem dos objetivos propostos pelo professor/escola. Embora eles quebrem o equilíbrio de concordância entre as partes e tirem alunos e professores de suas zonas de conforto, podem gerar um grande debate de ideias e levar a uma série de benefícios para a turma toda e o próprio trabalho do docente, incluindo:
- maior engajamento dos alunos na disciplina;
- criação de um plano de aula mais personalizado;
- melhor interação entre alunos e professores;
- comunicação mais clara;
- melhor desempenho da turma;
- maior senso de parceria e equipe.
Conflitos disfuncionais
Já os conflitos disfuncionais são perturbadores e negativos, tendo como principal característica causarem mal-estar, hostilidade e crises. Muitas vezes, esses conflitos têm origem na relação entre alunos, como os citados casos de bullying e as brigas por motivos alheios aos objetivos pedagógicos, mas também podem se estender para outros atores da comunidade escolar, como no caso dos conflitos entre professores ou quando os pais de um aluno brigam com o professor ou coordenador porque não gostaram da nota do filho, ou, ainda, quando um aluno é mandado para a direção por mau comportamento.
Os conflitos disfuncionais têm diferentes níveis de complexidade, podendo ser leves, intermediários ou complexos. Os conflitos leves são aqueles controláveis e contornáveis, podendo ser reversíveis; os intermediários são conflitos mais difíceis, que exigem uma interferência maior do professor ou da direção, mas podem ter uma solução pacífica; já os complexos, por sua vez, são difíceis de resolver e podem ter graves consequências, como violência física, a suspensão de um aluno, cancelamento de matrículas e demissões.
Como lidar com esses conflitos?
Conflitos podem levar um tempo para serem resolvidos, especialmente nos casos mais graves. Por isso, é importante que os professores desenvolvam habilidades que permitam identificar a raiz do problema, ou seja, as motivações que levaram à situação, e encorajar as partes a expressarem suas perspectivas. Em outras palavras, o professor é um importante mediador ou interlocutor na resolução do conflito.
Veja, a seguir, algumas ferramentas que podem auxiliar nesse processo.
Tranquilize os ânimos
Quando há conflitos, é comum os ânimos se exaltarem, a ponto de o foco do problema ser esquecido. Especialmente quando se trata de crianças e adolescentes, lidar com as emoções, às vezes, pode ser um fator que dificulta enxergar a razão e o desfecho para o conflito. Logo, o primeiro passo é fomentar um ambiente propício ao diálogo.
Mantenha a imparcialidade
Por mais que nem sempre seja algo fácil, a imparcialidade permite que ambas as partes verbalizem o problema. Ainda que você identifique uma vítima e um culpado em um conflito, é importante permitir que ambas as partes se expressem. Isso vai facilitar colher informações que levem à resolução do conflito.
Estabeleça um ambiente seguro para o diálogo
Para que o diálogo aconteça, é preciso que todas as partes se sintam em segurança, assim, questões significativas surgirão para ser exploradas. Para tanto, nessa fase, é essencial desenvolver um consenso entre os envolvidos quanto ao propósito do encontro.
Utilize habilidades socioemocionais
As habilidades socioemocionais são altamente favoráveis à resolução de conflitos. Dentro da promoção do diálogo saudável, o professor pode utilizar estratégias que favoreçam o reconhecimento dos papéis de cada envolvido no conflito, incentivando o autoconhecimento e as percepções. Podemos citar aqui algumas delas:
- tolerância;
- respeito;
- empatia;
- resiliência;
- autoconfiança;
- inteligência emocional;
- tomada de decisão responsável.
Como prevenir o aparecimento de conflitos prejudiciais ao convívio e aprendizado?
Conflitos na sala de aula surgem quando os indivíduos têm interesses, opiniões e processos de pensamento variados. No caso dos conflitos disfuncionais, porém, os atritos só levam à negatividade e tensões que prejudicam o ambiente escolar. Por isso, é papel da instituição desenvolver ações que fortaleçam o vínculo entre as pessoas.
Uma boa saída é investir em programas de educação socioemocional que permitam um desenvolvimento social e emocional de qualidade, como o Programa Pleno.
Habilidades socioemocionais bem desenvolvidas influenciam a autoconfiança, a empatia, a autoestima, a capacidade de desenvolver amizades e constroem parcerias significativas e duradouras. Além disso, os programas de educação socioemocional ajudam os alunos a gerenciarem com mais eficácia o estresse e a depressão, apoiam a autoestima e incentivam atitudes positivas em relação à escola, melhorando os resultados acadêmicos e diminuindo a ocorrência de conflitos.
Esperamos que você tenha compreendido a importância de reconhecer e lidar com os conflitos em sala de aula. Para saber mais sobre a educação socioemocional e as tendências pedagógicas da atualidade, curta nossa página no Facebook!