Alguma vez já notou que grande parte das atividades realizadas na educação infantil são brincadeiras ou jogos? Já se perguntou por que isso acontece? Pois bem, saiba, primeiramente, que não há nada de errado com isso, inclusive, é uma prática defendida e incentivada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Saiba também que essas atividades estão ligadas ao uso da ludicidade na educação infantil, essencial para o desenvolvimento de diversas habilidades das crianças. Interessou-se e quer conhecer mais esse tema? Confira a seguir tudo o que você precisa saber!
O que é a ludicidade?
Naturalmente, as crianças são muito dadas a interpretar informações, processar estímulos e movimentar-se no mundo de modo fantasioso e imaginativo, por meio de brincadeiras e de jogos. Isso significa dizer que as crianças são espontaneamente lúdicas e, inclusive, nem precisam de instruções ou de brinquedos para fazerem isso acontecer. E é a essa capacidade que se dá o nome de ludicidade.
A palavra ludicidade advém de lúdico, derivada do latim “ludos”, que, por sua vez, significa jogo. Brincadeiras e jogos fazem parte da existência humana e eram utilizados e incentivados como meio para o conhecimento, até mesmo na Antiguidade entre os gregos. Embora não esteja presente apenas na fase da infância, a recreação faz com que as crianças aprendam muito, mesmo quando não supervisionadas por um adulto.
Assim, quando falamos de ludicidade na educação infantil, não estamos fugindo muito desse conceito. Porém, estamos nos referindo à utilização, por profissionais, da capacidade infantil de transformar tudo em brincadeira e jogo como um instrumento para o desenvolvimento de uma gama de habilidades das crianças, desde as cognitivas às socioemocionais, o que dificilmente se conseguiria de outro modo.
Qual a importância da ludicidade na educação infantil?
Como mencionamos, a ludicidade naturalmente faz parte da mente e do pensamento das crianças. Ela serve como mecanismo intermediador para interpretarem o mundo e formarem suas próprias ideias acerca do que as rodeia. Sendo assim, a ludicidade é essencial para a formação e o desenvolvimento cognitivo das crianças.
Porém, não é só isso. A ludicidade também auxilia os pequenos na assimilação de conceitos complexos que ainda não dominam e não conseguem compreender por meio de uma explicação, como aconteceria com um adulto. São conceitos que farão parte do entendimento deles ao atingirem certa idade, mas que devem ser aprendidos e assimilados ainda na infância.
Alguns exemplos desses conceitos são a cooperação comunitária, o trabalho em equipe e o reconhecimento e a aceitação das diferenças de comportamento e de pensamento dos outros indivíduos, entre outros.
Além disso, por meio de brincadeiras e jogos, as crianças podem desenvolver diversas capacidades e competências, como:
- motricidade;
- autonomia;
- espontaneidade;
- tomada de decisões;
- concentração;
- memória;
- criatividade;
- imaginação;
- imitação, entre outras.
É por esse motivo que a aplicação da ludicidade na educação infantil é tão importante. Ela deve ser valorizada e incentivada, além de ser respaldada pela BNCC, um documento nacional que regula as habilidades, as competências e as aprendizagens essenciais que os alunos de toda a educação básica devem desenvolver.
Quais os benefícios proporcionados pela ludicidade?
Quando aplicada à educação infantil, a ludicidade não diz respeito à recreação apenas, mas ao uso deliberado, planejado e ativo de atividades lúdicas no aprendizado das crianças. Assim, os professores fazem uso de brincadeiras e jogos de modo a alcançar determinados objetivos, sejam os definidos pela BNCC, sejam os definidos pela proposta pedagógica de cada escola.
Diversos são os benefícios promovidos por esse uso da ludicidade. A participação em atividades, como dança, circuitos, rodas e cirandas, não só contribui para o desenvolvimento da coordenação motora, por meio dos movimentos do próprio corpo e deste no mundo, como também apura a percepção da criança a respeito do próprio corpo. Essas atividades também amadurecem a capacidade de socialização por meio da interação com os colegas.
Com a brincadeira de fantoches, por exemplo, as crianças são levadas a imaginar e se colocar no papel de um personagem. Dessa forma, são trabalhadas a memorização, concentração e atenção, além de estimular a autoconfiança, o autoconhecimento e a empatia, uma habilidade socioemocional que, por sua vez, auxilia no respeito ao outro e às diversidades individuais. Com brincadeiras, como a da caixa de sentidos, é possível observar como andam as percepções sensoriais das crianças e estimulá-las.
De modo geral, uma vez que as brincadeiras apresentam regras que devem ser seguidas, elas também ajudam no desenvolvimento da identidade, da formação de caráter e da capacidade de se posicionarem no mundo e lidarem com a frustração, entre outras emoções. Como também apresentam um progresso lógico, auxiliam na estruturação do intelecto infantil e na criação do próprio conhecimento.
Vale dizer ainda que, por meio das atividades recreacionais, as crianças se deparam com dificuldades que, por vezes, elas mesmas criam e para as quais devem encontrar soluções, isso estimula a autonomia e tomada de decisões. Além disso, nesses momentos, também são levadas a ajudar umas às outras na busca por essas soluções, o que novamente leva à socialização e à conexão com os colegas.
Sendo assim, por meio da ludicidade, as crianças desenvolvem habilidades cognitivas, emocionais, sociais, motoras e psicológicas. Então, além de facilitar o processo de aprendizado, ela torna o ambiente escolar mais prazeroso e atraente, promovendo o relaxamento, o bem-estar e o prazer de estar consigo e com os outros, não só para os alunos como também para os próprios professores.
Como utilizar a ludicidade na educação infantil?
Embora pareça um procedimento simples, utilizar a ludicidade na educação infantil não é uma tarefa tão fácil. No entanto, existem alguns direcionamentos gerais que podem ser úteis se você pretende começar a inserir a ludicidade na sua escola. Confira nos tópicos seguintes!
Entender o papel do professor
Embora, durante as brincadeiras, seja incentivada a interação entre as próprias crianças para que elas se desenvolvam dentro de seu próprio mundo, é preciso reconhecer que o papel do professor não é apenas de cuidador, suas responsabilidades vão além.
É o professor que faz as escolhas das atividades, e isso não acontece de forma aleatória. Para tanto, ele tem que avaliar não só quais objetivos espera alcançar e quais as atividades que melhor podem desempenhar isso, mas também precisa pensar, por exemplo, no estágio de desenvolvimento, na individualidade, na vivência, nas aptidões e nas dificuldades de cada um de seus alunos, além da cultura em que eles estão inseridos.
Isso requer um certo grau de sensibilidade, de observação e de atenção.
Explorar os sentidos
Uma das melhores maneiras de introduzir a ludicidade na sala de aula é por meio da exploração dos sentidos. Isso pode ser feito de diversos modos: por meio do uso de livros com diferentes texturas ou com recursos visuais e auditivos, por meio da caixa dos sentidos ou da adivinhação de sabores de frutas (vedando a criança), por exemplo.
Não fugir da tecnologia
Quando bem usada, a tecnologia pode ser aliada da educação infantil. Por meio dela, é possível utilizar diversos recursos que estimulem as capacidades das crianças, como vídeos, jogos, aplicativos educativos, filmes, entre outros. Além disso, atualmente, grande parte das crianças já faz uso da tecnologia de forma bastante natural. Portanto, é mais positivo para o desenvolvimento da criança o incentivo ao seu uso adequado e moderado.
Como você pôde ver, por fazer parte do mundo da criança, utilizar a ludicidade na educação infantil é uma forma natural de facilitar o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades que serão indispensáveis na vida adulta. Por isso, ela deve ser compreendida, valorizada e incentivada no ambiente escolar.
Agora, já que você chegou até aqui, por que não aprender mais sobre como colocar a ludicidade em prática com o nosso artigo sobre como aprender brincando?